domingo, 29 de novembro de 2009

Oficina TP 01

Oficina de Variação Linguística
FORMADORA: Consuelo Sales
DATA: 24/11/2009

Com o objetivo de discutir as variantes linguísticas acolhemos o grupo com uma apreciação musical. Intitulada “Gaiola”, a música é um pagode que traz uma linguagem muito próxima do jovem contendo gírias e expressões muito comuns no âmbito da oralidade, a exemplo de “vai cair na gaiola”, “quem vacila na quebrada”, “ a solução tá em você”. Após a análise dessa variante sociocultural, analisamos a frase “Og v6s naum tm 9da10” - muito comum na internet e usada entre jovens e adolescentes. Essa sensibilização foi pertinente para percebermos e discutirmos as variantes reais que circulam no dia a dia e, nesse ensejo, os cursistas, em equipes, foram convidados a construírem um texto que retratasse a fala de determinadas personagens diante de uma situação problema apresentada. O resultado foi satisfatório e oportunizou a discussão dos mais variados níveis de funcionamento da língua, dos aspectos sociais, culturais, políticos e de identidade que permeiam as variações da língua.
Com a leitura do texto de Travaglia sobre Variações Linguísticas, as discussões foram ainda mais ampliadas. Discutimos os tipos de variação, os níveis de funcionamento da língua, as modalidades escrita e falada, o grau de formalidade e sintonia. Nesta sistematização, salientamos que a variação não é exclusiva dos falantes não escolarizados, que “norma padrão” e “não culta” não são sinônimos, os equívocos em trabalhar somente com a variação regional, (o que reforça o preconceito lingüístico), entre outros.
Na continuidade, sugerimos que os grupos, com base na leitura do texto de Travaglia elaborassem uma atividade para determinada série contemplando um tipo de variação. Na socialização, uma equipe apresentou uma proposta de reescrita do texto com uma variante regional para a norma padrão, o que foi oportuno para alertá-los quanto a essa prática, muito comum na sala de aula, bem como no livro didático. Essa atividade acaba se revelando uma ação preconceituosa, reforçando a idéia de que o que vale é somente o que a gramática normativa dita como “certo”. Sobre essa questão apresentamos ao grupo algumas passagens do livro “Nada na língua é por acaso” de Marcos Bagno. Outro problema no tratamento das variantes destacado nesta parte do trabalho corresponde ao uso de textos que retratam somente a variação regional (Chico Bento, Patativa, Luiz Gonzaga, etc.) com se este fosse o único modelo de variação lingüística, assim a variação estaria ligada a pessoas não-escolarizadas, a pessoas da zona rural.
A participação dos cursistas foi de fundamental importância para o êxito do presente trabalho, concluímos com a consciência de que muito ainda temos a aprender com relação a um tema tão fantástico e complexo e que exige de nós mais pesquisa e estudo, para uma reeducação sociolinguítica.

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